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sexta-feira, 16 de abril de 2010

  • AS INFLUÊNCIAS DA FRANCOFONIA NA CABOVERDIANIDADE

O Liberal on line publicou um texto de Luiz Silva «em memória do grande médico DR. Jacques de Salis e Alain Gerbault, grande navegador solitário, homem de todas as ilhas e de todas as latitudes, ilustres Mindelenses». AS INFLUÊNCIAS DA FRANCOFONIA NA CABOVERDIANIDADE, um texto sobre a memória histórica do Mindelo que merece uma leitura atenta.

4 comentários:

  1. Caro Luiz, Gostaria de comentar mais a fundo o teu artigo que li como muito gosto, mas como deves entender estou sobrecarregado estes dias. Este artigo cujo público alvo é a comunidade francesa, é esforço meritório de fazer conhecer a realidade de Cabo Verde as suas lutas, os seus intelectuais, o sue património histórico as suas heranças multifacetadas e diversas, é mais um grande trabalho deste incansável patriota caboverdeano, mas também grande mindelense. Luiz no comentário ao teu artigo precedente fiz um ‘portrait teu’ e vou aproveita-lo de novo, pois este é a maneira como sinto o homem incansável pelas causa de Cabo Verde e da emigração e as de S. Vicente. Luiz Silva, Mnin de Mont , ‘est un homme de gauche’ na concepção francesa republicana da palavra. É um grande patriota caboverdeano, um mindelense de gema, verdadeiro combatente da liberdade, na sua acepção total, em francês ‘liberté tout court’. Estas palavras resumem a postura da pessoa que se fundiu nas lutas no Mindelo contra as prepotências do regime fascista- salazarista e no fervilhar intelectual e estudantil do Liceu Gil Eanes, sob a batuta de um dos maior caboverdeano de todos os tempos o Mestre Baltazar Lopes. Aquilo que destaca Luiz Silva do resto dos seus contemporâneos, é que foi e continua sendo um homem de causas. Passados poucos anos da independência, nos anos 80, já tínhamos de novo o Luiz, numa altura em quase todo o establishment caboverdeano se empolgava com os méritos e as particularidades caboverdeanas da democracia revolucionária ou participativa’ do PAICV, ou se calava, ou se mergulhava de novo na Pasárgada para, de resto nunca mais daí sair, ele não contente com a situação. Denunciava com o Alfredo Margarido, no jornal da oposição Terra Nova, o anacronismo do regime instalado criticando duramente a política da emigração ( os emigrantes eram então considerados pelo regime como estrangeirados ou potenciais subversivos). Temos hoje de novo Luís lutando para o reconhecimento do papel da emigração em Cabo Verde e de várias outras causas justas no Mindelo: o clube de golfo do Mindelo, o movimento em defesa da memória e da casa do Dr. Adriano Silva e do Património mindelense, o movimento para a preservação do Éden Park e outras futuras causas. A pergunta que o Luiz frequentemente faz e que aqui reitero é a seguinte: como é que possível que passados 35 anos da independência de Cabo Verde, este país ainda não tenha um política coerente da emigração/imigração? O país dá-se ao luxo de não aproveitar os potenciais recursos humanos e financeiros da emigração, contrariamente ao que muitos países fazem. Luiz não quero te desanimar, mas tu bem conheces verdades de ‘La Pallisse’: santos de casa não fazem milagres; as políticas de emigração em Cabo verde nasceram tortas, pelo que se calhar tarde ou nunca se endireitarão. Luiz Muito obrigado José Lopes

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  2. Felicito efusivamente o Luiz Silva por este trabalho, que se salda num precioso bosquejo histórico sobre a influência da francofonia na cabo-verdianidade, que a houve em certa medida, e até com notoriedade em alguns casos pontuais. Sem renegar a lusofonia hereditária, dir-se-á que o homem cabo-verdiano encontrou na francofonia, a nível do conhecimento científico, literário ou artístico, formas de expandir a sua visão do mundo e integrar-se mais livre e harmoniosamente na convivência universal. São múltiplos os exemplos que o Luiz nos enumera desse fenómeno de interpenetração cultural, nesta sua síntese que merece ser lida com atenção e guardada, dada a riqueza informativa do seu conteúdo, mercê de um excelente trabalho de recolha, estudo e integração. De entre os vários conterrâneos citados que se formaram em França, faltou mencionar o meu tio-bisavô Mateus António de Lima, natural de S. Antão, que muito jovem ainda partiu para França para ali se formar em Engenharia. E tudo isto vem em altura oportuníssima, quando o Poder ameaça demolir e extinguir a casa que foi construída pelo médico francês Jacques de Sallis et Celarine, um homem que serviu a ilha de S. Vicente com a sua ciência médica e também com a sua acção na edilidade local. Penso que o Executivo, seja ele central ou local, devia meditar um pouco antes de tomar uma decisão de que pode vir a ser severamente censurado por gerações vindouras, que por certo, se espantarão com a leviandade e a ignorância com que se faz tábua rasa de um testemunho histórico relevante na ilha de S. Vicente. Agradeço-te na parte que me cabe, Luiz.

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  3. Luiz,
    ficamos todos à espera de mais textos com esta profundidade e utilidade social.
    Abraço fraterno

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  4. Mais um grande artigo do Luiz Silva que de certa forma foca o fenómeno da interpenetração cultural, que sendo um facto sociológico vem ocorrendo desde os tempos mais longinquos da história da humanidade até os nossos dias mas, e que deve ser entendida não como o suplantar de uma cultura por outra, o que levaria à aniquilação da identidade de uma delas, mas sim a fusão de elementos de duas ou mais culturas. A história é cheia de exemplos que se pode considerar positivos uma vez que as culturas tecnologicamente mais avançadas podem influenciar positivamente as mais estacionárias, funcionando como o motor das sociedades. Cabo Verde não escapou a este fenómeno. A influência francófona sentiu-se de forma directa ou indirecta, enquanto que a presença inglesa também deixou as suas marcas na sociedade mindelense em determinada época legando valores e modelos sociais que nortearam o rumo dessa sociedade e que perduram até os nossos dias testemunhado na forma de ser e estar do mindelense. É neste contexto histórico de contactos entre povos que surge a referência ao, património histórico e cultural do Mindelo, em particular o legado do Dr. Jacques Nicolau de Sallis e Celerina que presentemente se encontra no centro de uma luta para a preservação de um dos maisl belos exemplares de arquitectura do séc. XIX, vítima de degradação física por incuria do estado encontrando-se sob ameaça de demolição à revelia das entidades que têm por missão zelar pelo património e os protestos dos cidadãos mindelenses.

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