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segunda-feira, 19 de abril de 2010

  • DIA MUNDIAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS
Realizou-se, na Cidade Velha da Ribeira Grande de Santiago, Património Mundial qualificado pela UNESCO, a 16 de Abril, a tertúlia «O Sítio Histórico da Cidade Velha e Seus Monumentos» promovida pela Comissão Municipal para a Celebração dos 550 anos do Achamento de Cabo Verde, e, a 18 de Abril, teve lugar uma visita guiada aos monumentos da Cidade Velha promovida pela Câmara Municipal e pelo Instituto de Investigação e Promoção Cultural.

Nuno Ferro Marques, membro de primeira hora da ADEMOS e docente da UniPiaget, marcou presença. Acompanhado de alguns discentes do 4.º Ano da licenciatura de Arquitectura, da Disciplina de Património Urbano, que tiveram a oportunidade de verificar na prática a dimensão dos problemas que emergem ou podem emergir da má ou deficiente planificação urbanística, como no caso da Cidade Velha.

É que dos quatro critérios exigíveis para passar o crivo da UNESCO, a candidatura da Cidade Velha teria de ser aprovada em três, e Cabo Verde foi aconselhado a esquecer o critério urbanístico... consequência: «Quem sobe a Fortaleza e olha para baixo, sabe que não está perante um Património Mundial... em parte alguma do mundo». Uma opção necessariamente técnica num primeiro momento, política depois de alcançados os objectivos.

A Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago e o Instituto de Investigação e Património Cultural vão mostrando que há questões menos pacíficas, como não poderia deixar de ser, «as vantagens e as desvantagens da classificação a Património Mundial». Vem aí a avaliação períodica da UNESCO à Cidade Velha, e falta fazer muito para não se perder a classificação de Património Mundial. |

Imagem:© «Património Mundial»… Vista a partir da Fortaleza da Cidade Velha. Fotografia de Nuno Ferro Marques

5 comentários:

  1. Nuno, em que sentido a Cidade Velha corre o perigo de perder a qualificação como Património Mundial? Explica lá isso...
    Abraço fraterno
    Virgílio

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  2. Nuno,

    No seguimento do texto às tantas fiquei desconcertada ao ler «Quem sobe a Fortaleza e olha para baixo, sabe que não está perante um Património Mundial... em parte alguma do mundo». Será que podes dar-nos umas luzes sobre isso?

    Um abraço
    Fátima

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  3. Nuno eu acho que o Governo tem que investir muito para que a Cidade Velha tenha a aparência de um Património Mundial. Isto tudo custa, não se pode fazer as coisas a metade

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  4. É verdade que ficamos preocupados com a constatação, mas ela põe a nu uma crua realidade, suscitando, necessariamente, algumas interrogações. Por exemplo:
    ─ Terá sido precipitada a nossa candidatura, por o Estado cabo-verdiano não ter acautelado uma aparência mínima a dar à Cidade Velha nem ter possibilidade de a manter?
    ─ E que aparência se lhe poderia dar?
    ─ A reconstituição de uma urbe da era quinhentista, o que desde logo subentende que nada havia senão a história do sítio, para além do forte, ruínas e alguns vestígios, que pouco têm de invulgar a não ser o testemunho da primeira cidade construída em África por europeus?
    ─ E em que medida e até que ponto se pode operar uma cosmética no nosso património mundial se não mesmo fazer-lhe uma autêntica enxertia facial?
    Pois é, estou com dúvidas e o Nuno que dê uma achegas. Transformar a aparência da Cidade Velha implica custos substanciais que não temos e que provavelmente não serão financiados pela UNESCO nesta altura de crise.
    Estas dúvidas podem contribuir para o nosso tirocínio e eu confesso que tenho algo a aprender sobre estas matérias.

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  5. Por ora, serei breve. Mais calmamente, pretendo trazer um contributo cívico (há já uns dois meses que não tenho podido pegar nele mas está para breve, aliás, já vos mandei uns apontamentos) sobre este tema da classificação de património cultural. Na verdade, as respostas para as vossas perguntas, já as conhecem, quando muito não querem admiti-las… Aliás, o Adriano acaba por dar algumas das respostas, «terá sido precipitada a nossa candidatura, por o Estado cabo-verdiano não ter acautelado uma aparência mínima a dar à Cidade Velha nem ter possibilidade de a manter?». De resto, sempre esteve lá quase tudo, no resumo de Ademos: «É que dos quatro critérios exigíveis para passar o crivo da UNESCO, a candidatura da Cidade Velha teria de ser aprovada em três, e Cabo Verde foi aconselhado a esquecer o critério urbanístico (…) Vem aí a avaliação periódica da UNESCO à Cidade Velha, e falta fazer muito para não se perder a classificação de Património Mundial.» Não foi por esse tecido urbano caótico que Cidade Velha foi eleita Património Mundial. Foi por outros motivos que são mais óbvios, o histórico, a fortaleza, a paisagem da Ribeira e os seus monumentos), etc. Pelo que conviria reverter o tal quatro critério em falta… Na verdade, Virgilio, Fátima, José, Adriano e demais Colegas, a UNESCO sugeriu que se fizesse a candidatura um ano mais tarde para que se investisse mais em certos aspectos que não comprometessem a candidatura e/ou a sua sustentabilidade. Cabo Verde não quis esperar, mas agora, se bem percebi os horizontes, tem quatro anos para “justificar” a classificação, mediante relatórios anuais que não são pouco exigentes, abordando, imagine-se, umas duas centenas de questões. Entretanto, a vida não pára e o desenvolvimento dos núcleos urbanos também não. Nem, por sinal, as querelas Governo – Câmaras… Nem a Cidade Velha, nem o Património são ou podem ser realidades paradas no tempo. Nesse percurso, naturalmente, se deixam de existir os pressupostos e os valores que mereceram a classificação, esta deixa de existir. Corremos esse risco. Pelo que percebi, muito ou pouco, algo tem sido feito, sei de quem tem feito muito, mas muito mais tem de ser feito e todos somos poucos para tal esforço. Voltando à Casa Adriana, se é surpreendente (ou convenhamos que até nem é) saber que a Cidade Velha não foi classificada Património Mundial pela “bela” e “urbana” paisagem que se pode ver na fotografia (daí que «Quem sobe a Fortaleza e olha para baixo, sabe que não está perante um Património Mundial... em parte alguma do mundo»), mais surpreendente é que não sejam retiradas lições para o caso da Casa Adriana e demais exemplares de Património Cultural, onde se pretende exigir uma infinidade de requisitos inventados (por doutores do plágio e quejandos), esquecendo-se, como que num passe de mágica, todos os outros valores, os valores históricos, sociais e tantos outros que, justamente, levaram à classificação da Cidade Velha, Património Mundial, e que, justamente, são bastantes para elevar a Casa Adriana a Património Nacional, Municipal, etc. Com efeito, sem prejuízo do valor arquitectónico da Casa Adriana, essa nem sequer é condição indispensável para a sua classificação, enquanto património cultural. Ou não conhecêssemos a história dessa casa, da sua envolvente e dos homens e mulheres que por ali passaram. Pois, Companheiros, na Cidade como na Casa, a ignorância pode ser fatal e, na luta contra esse flagelo, todos somos poucos e todos temos que apoiar aqueles que na Cidade Velha, como na Casa Adriana, se batem com altruísmo. Bem-haja a ADEMOS.

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