A cultura de um povo é toda a sua memória.


segunda-feira, 10 de maio de 2010

A casa que foi de Sergio Frusoni e familia

















A primeira foto foi feita em 2 de Agosto de 2009. A segunda poucos dias depois. Na parede estava escrito que a demoliçao foi autorizada pela Camara Municipal de S.Vicente.

Fiquei surpreendido na medida em que em 2005, tendo conversado com a Presidente da Camara ela disse-me que queria fazer alguma coisa em homenagem a Sergio Frusoni. Entao disse-lhe que iria falar com os meus irmaos. De regresso à Italia enviei um email, como prometido, à Presidente dizendo que gostariamos que se interessasse por saber quem tinha adquirido a casa que estava em completo estado de degradaçao e que fizesse alguma coisa po ela. Nunca me respondeu e ainda hoje nao consigo esquecer o que viram os meus olhos quando là estive. Fernando Frusoni

5 comentários:

  1. CIsto é a verdadeira imagem do "desenvolvimento"... a que não aparece nos relatórios.
    Abraço fraterno
    Virgílio Brandao

    ResponderEliminar
  2. Isto é mais um exemplar da obra de demolição em curso na cidade do Mindelo. Esta rua é uma daquelas que vai ficar irreconhecível se esta bulimia no centro da cidade não parar.
    Fernando os políticos caboverdeanos tem que aprender a cumprir as suas promessas.
    Um abraço
    José

    ResponderEliminar
  3. Esta notícia enquadra-se na luta que visa travar este tipo de acções, pela sua implícita chamada de atenção para a falta de sensibilização para com o património mindelense e a ausência de políticas de preservação e reabilitação dos edifícios de traça colonial. O autor de várias obras e em particular os versos da música "Um vez Soncente era sabe..." que é um hino à ilha de S. Vicente, merecia que se fizesse algo em sua homenagem.
    Um cordial abraço
    Fátima

    ResponderEliminar
  4. Perante o que acabo de saber, desaparece qualquer resquício de ingénua esperança que eu ainda pudesse acalentar sobre o bom senso, a sensibilidade e o mínimo de escrúpulo para com a preservação da memória histórica e cultural da nossa cidade que seria de esperar por parte de quem a governa. Esta tarde, no outro nosso Blogue, ADEMOS, intervim com um comentário sobre a Casa onde viveu o poeta Sérgio Frusoni. Sem saber que ela já tinha sido demolida, por não ter lido um outro texto inserido pelo Sérgio Frusoni, disse o seguinte, perante a imagem antiga da Casa:

    “Dá saudades, carradas delas, rever esta Casa, por ser onde viveu o nosso saudoso poeta e por nos permitir relembrar um aspecto pontual do Mindelo antigo, hoje muito expandido e modificado, e bem, mas nem sempre com o melhor critério.
    Gostaria de ver o aspecto actual desta Casa, que, segundo diz o Fernando, foi modificada num ponto particular, e só. Ainda bem que ela não se transformou numa casa de 2 pisos, como é vulgar em Mindelo hoje em dia, o que a descaracterizaria por completo, abolindo uma referência fiel da memória de Sérgio Frusoni. A última imagem (foto) que dela tenho, degradada, é aquela em que o Fernando posa à frente, aquando da sua visita ao Mindelo, não há muitos anos ainda.
    O facto de a Casa não ter sido descaracterizada, ampliada em 2 pisos ou com as tais horríveis gaiolas marquises, pode ter sido por acção da Câmara, que, a ser assim, terá imposto restrições ao novo proprietário. Mas, se não foi, pode ter sido então por um assomo de consciência cívica do proprietário, que logo se apercebeu de que a conservação da traça da Casa era um factor de valorização memorialística, de que, ele, um simples munícipe até poderá vir a colher dividendos no futuro, se não materiais pelo menos morais, por ser confortante a sensação espiritual de viver onde viveu um vate sem igual no panorama da nossa literatura, um Grande Cabo-Verdiano, do mais puro e genuíno, apesar da sua origem estrangeira.”

    Logo a seguir, fiquei a saber a triste verdade, contada pelo Fernando Frusoni, que publicou uma foto mostrando o espaço onde a Casa se implantava, um espaço agora vazio após o caterpillar ter feito o seu trabalho. Provavelmente no espaço se encontra agora um qualquer prédio de 2 ou 3 pisos, desenquadrado da morfologia urbana local. Mas o Fernando também dava conta do incumprimento da palavra da senhora Presidente, que antes lhe tinha prometido ponderar sobre o assunto da preservação da Casa mas acabou por nem sequer responder à correspondência que lhe fora posteriormente endereçada pelo Fernando. (Continua

    ResponderEliminar
  5. (Continuação do meu comentário anterior)

    Situações semelhantes vêm acontecendo com inquietante frequência ante a complacência ou indiferença da população, como se já não lhe importasse a memória histórica e cultural da sua cidade. Custa acreditar que o povo da minha ilha se tenha tornado assim tão abúlica perante estes desmandos e atropelos à sua memória colectiva. Ou andamos todos iludidos sobre o que verdadeiramente é ou quer ser o povo de Soncent ou então ele anda a ser driblado num jogo de cabra-cega em que ignora completamente as regras.
    Não queremos discutir nem intervir na política autárquica, como já fizemos questão de deixar claro. Mas temos o direito de exigir que respeitem a história e a cultura da nossa cidade e que não troquem por um prato de lentilhas valores que lhe são caros. Era um valor bem caro a Casa onde viveu Sérgio Frusoni, o poeta cabo-verdiano que mais genuinamente cantou a alma do seu povo. É um valor bem caro a Casa onde viveu o ilustre cabo-verdiano que foi Adriano Duarte Silva e agora querem também demolir. Outros valores vêm sendo malbaratados sem que o povo do Mindelo se indigne e se oponha.
    Mas, desta vez, não vamos deixar que o caterpillar arrase também a Casa do Dr. Adriano Duarte Silva.

    Cidadãos de S. Vicente, minha querida ilha natal, abram os olhos e apoiem o Movimento Cívico que quer salvar a Casa do Dr. Adriano e manter a memória da nossa cidade! Intervenham neste Blogue que é de todos e para todos! Dêem as vossas opiniões, pareceres e conselhos, mas Venham, não fiquem indiferentes!

    ResponderEliminar